A primeira menção bíblica de reanimação refere-se ao momento da criação de Adão, tendo Deus “soprado em sua boca dando-lhe a vida” (Gêneses 2:7). Menos simbólica e mais precisa em seu detalhamento, e considerada por muitos historiadores como o primeiro relato de manobras de RCP, está a descrição que consta no livro bíblico dos Reis. Nele está descrito que o profeta Eliseu, um discípulo de Elias, reanimou um jovem filho de uma viúva sunamita, assim descrito:
“...subiu à cama, deitou-se sobre o menino e, pondo a sua boca sobre a boca dele, os seus olhos sobre os olhos dele e suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos. Então tendo chamado a sunamita, o profeta lhe disse: Toma o teu filho” (II Reis 4:34-35).
Ainda no fim do Império Romano em 476 a.C, os métodos mais antigos de RCP variaram desde aplicação de calor ao corpo inerte através de objetos quentes ou queimantes sobre o abdômen (fumigação), até a flagelação chicoteando-se com urtiga (planta cujas folhas são irritativas contendo ácido fórmico) ou outro instrumento.
O cientista Paracelsus foi o primeiro a colocar ar para dentro dos pulmões das vítimas com o uso de um fole de lareira (método fole), caracterizando as primeiras e rústicas tentativas de ventilação artificial.
O fim do século XVIII à metade do século XX, caracterizou-se por um período supostamente mais embasado no cientificismo, quando surgiram vários métodos manuais de ventilação artificial. Em sua maioria, estes envolviam grande número de manipulações do tórax e/ou abdômen da vítima, na tentativa de insuflar ou desinsuflar os pulmões. Ocasionalmente, conseguia-se algum resultado, embora se ignorasse que a obstrução da via aérea superior provocada pela língua era o principal mecanismo.
Dentre as manobras mais usadas, estava a da marinha alemã, que utilizava barris para rolar a vítima afogada, a fim de reanimá-la. Supunha-se que estes movimentos ritmados de compressão e relaxamento do tórax permitiam uma troca de ar.
Mais tarde, médicos russos, em 1803, passaram a adotar o “enterro” parcial da vítima, com objetivo de propiciar a compressão do tórax.
Aproximadamente em 1812, os europeus e os chineses passaram a posicionar o corpo da vítima sobre cavalos em trote, acreditando que este movimento ativaria seus pulmões e retornaria a respiração.
O engenheiro eletricista chamado Kouwenhouven foi motivado a desenvolver a desfibrilação externa devido aos acidentes com fatores elétricos nas indústrias que predispunham à fibrilação ventricular. Neste período, Kouwenhouven e colaboradores lançaram uma publicação descrevendo o processo de RCP, que combinava compressões sobre o terço inferior do esterno, respirações de resgate e o uso de drogas cardiotônicas.
Foi criado o International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR), também conhecido como Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação, que consiste em um fórum entre sete organizações de ressuscitação de todo o mundo que se reúnem duas vezes por ano com o objetivo de discutir e coordenar todos os aspectos da ressuscitação cardiopulmonar. A ordenação resultante desse processo de trabalho do ILCOR se traduz em revisar estudos científicos e conhecimentos pertinentes aos cuidados com as emergências cardiovasculares e à ressuscitação cardiopulmonar.
Saiba maisEm 2000, em parceria com a American Heart Association, o ILCOR produziu as primeiras diretrizes de RCP internacionais. De lá para cá, as associações se reúnem duas vezes por ano geralmente alternando entre um local dos Estados Unidos e um local no resto do mundo. Novas conferências de consenso foram realizadas e outras diretrizes foram lançadas em 2005, 2010 e, a mais atual, em outubro de 2015.
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